Companhia de teatro de Braga. Gostava de estar viva para vê-los sofrer!

NÃO QUERO QUE NINGUÉM ME CONFORTE
Com estas palavras, “não quero que ninguém me conforte”, Emma opõe-se ao esquecimento e recusa-se a mitigar a sua própria amargura de vida, causada por todas as perdas que as guerras lhe provocaram.
Guerras no plural, porque Max Aub escreve De un tiempo a esta parte em 1939, entre o final da Guerra Civil Espanhola e o início da Segunda Guerra Mundial, e coloca a sua protagonista na encruzilhada entre os dois conflitos, entre todos os totalitarismos que varreram a Europa naqueles anos.
A aniquilação da identidade austríaca decorrente do Anchluss, a anexação da Áustria ocorrida em março de 1938, transforma-se, assim, numa metáfora sobre a usurpação da identidade pessoal de Emma. O seu doloroso vínculo à Guerra Civil Espanhola, devido à morte do filho e à depuração do marido na Viena ocupada, materializa-se em duas feridas abertas numa mulher que percorre como um fantasma as suas próprias memórias, obrigada a ser a criada da sua própria casa e da sua própria vida.
À deriva numa ilha de lembranças, de anseios, de sofrimento, navega por um mundo que foi e nunca mais voltará a ser, com um desejo de justiça e de vingança que a agarra à vida com firmeza e determinação, com as poucas forças que lhe restam. Gostava de estar viva para vê-los sofrer é uma forma de sobreviver a todas as injúrias e a todos os esquecimentos. E, apesar de tudo, esta mulher, fustigada pela vida e pela história, decide seguir em frente, viver, lutar e, acima de tudo, recordar, porque, como ela própria diz: se não houvesse memória, viveríamos para quê?
Trazer Max Aub ao palco é uma oportunidade para fazermos esta e muitas outras perguntas sobre a identidade, sobre o que somos e o que perdemos, cada vez que ignoramos aqueles que foram forçados a deixar o seu país e a sua vida, acabando por ser condenados à prisão perpétua do esquecimento.
Ignacio García
Braga, outubro de 2020
FICHA ARTÍSTICA
Encenação: Ignacio García
Cenografia: José Manuel Castanheira
Figurinos: Manuela Bronze
Desenho de luz: Bohumil Palewic
Desenho de som: Ignacio García
Tradução: Ivonete da Silva Isidoro
Assistentes de encenação: Solange Sá e Grasiela Müller
Realização de vídeo: Frederico Bustorff
Interpretação: Ana Bustorff
1 de Outubro de 2021 (21:30h) | Theatro Circo (Braga)
QUANDO
01/10/2021
21:30h
ONDE
Teatro Municipal Sá Miranda
R. de Sá de Miranda, 4900-529
VIANA DO CASTELO
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